quinta-feira, 30 de outubro de 2008

DA RUA, DO LIXO

Quilos por dia.
À noite, litros.
De dia, lixo.
À noite, suor impregnado,
Colhido.

Cama de pedra.
Se há casa, papelão.
A pedra, do chão.
Se há casa, lixo aos quilos,
Colhido.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ENCARNAR EM OUTRO

Experiências acumuladas. Visões confundidas. Sentimentos embaralhados. Emoções censuradas. Universos em par.
Escrevo para encarnar em seres simples. Penetrar em seu espírito. Vagar por seus universos, quantas estrelas me atraem. Mas busco residir em seus mistérios. Na escuridão sempre evitada.
Com coração alheio, escrevo o que os olhos encarnados vêem e o que as veias sentem. Saem escritos rabiscados. Textos borrados, fora de foco.
Quero lugar num cômodo sombrio da sua mente. Naquele seu quarto secreto. É sombrio e você sempre o evita. Eu não. Eu o faço de minha moradia.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

PASSADO NU, VERDADE NU

Não tenho roupa para dormir hoje, nenhuma me serve. Nu é tão mais verdadeiro. Revivo, assim, antepassados meus. Macacos ou seres racionais.
Assopro os antepassados, eles vão para longe, voando.
Mais uma vez este disco. Este embalo como uma passagem aos dias com gosto de uva e cheiro de flor. Um cartão de visitas também, convidando-me a me entregar. Suplicando-me para viajar e flutuar.
Vou dormir nu hoje, em lembranças.