segunda-feira, 19 de outubro de 2009

VENHA


QUALQUER LUGAR
ALGUM LUGAR

FAZ-ME ME PENSAR
O QUÃO PEQUENO
SOMOS NÓS

ENTÃO VAMOS LÁ
VENHA A MIM

VIAJAR

PELO ESPAÇO QUE VOCÊ DESCONHECE

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

VIAGEM



Coisas estranhas podem nos acontecer.
As luzes dos teus olhos podem viajar sobre o mar.
E sem eu perceber, estou nadando nos seus cabelos.
Inesperado, viajo com você.
Inesperado, estou com você até hoje.
Você está voando no mar que é minha mente.
Minhas ondas cerebrais te envolvem,
Então você flutua.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A MANSÃO

Anotações sobre a casa onde William Wilson, narrador do conto "William Wilson", estudou e cresceu. Baseado no conto de Edgar Allan Poe.

Sempre quando o narrador se refere à mansão onde foi sua primeira escola, onde viveu a maior parte da sua mais tenra fase, e onde grande parte da trama se desenvolve, ele a descreve como irregular e se utiliza de tons oníricos. Lugar de sonho, vetusta e com inúmeras amplas salas, era campo fértil para a imaginação, ou até mesmo um caminho à loucura. E todos esses atributos não se limitavam apenas à mansão, mas serviam também para toda a aldeia que ela se encontrava. A brumosa aldeia, possuía em suas entranhas largas sombras que recobriam suas avenidas. Casava-se perfeitamente com a atmosfera sinistra, porém, tranqüila da acadêmia. Um invólucro de sonho, loucura e imaginação.
A casa, de uma dimensão indizível, parecia ter o poder de absorver seus alunos, sorvendo-os por seus incontáveis aposentos. Os estudantes se perdiam facilmente dentro da mansão; viam-se desprovidos de qualquer senso de direção, não sabendo nem mesmo se estavam no térreo ou em algum outro andar superior.
“Mas a casa! Que edifício estranho e antigo!”, descreve o narrador. Eram corredores tortuosos que levavam a salas; salas que levavam a subsalas; subsalas que continham escadas que sem razão aparente passavam de um nível a outro. Uma mansão qual a mente humana é: múltiplos caminhos e possibilidades. Emaranhados.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

DEFINHAR

Estou triste nesses dias. O passado pode interferir tanto no presente assim? E vedar seus anseios para o futuro, e nublar toda a sua mente com lembranças - que não são nem suas – portanto, que são incontroláveis. O passado pode, ele tem poder. O tempo destrói tudo, infelizmente.
Sinto-me sendo definhado pelo passado. Coisas vividas por outra pessoa, mas que me atingem em cheio, corrói meu amor. E tenho medo de que o presente não consiga derrotar os tempos que se foram, condenando os tempos que virão. Pressinto um futuro amargurado e agarrado ao passado.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A CÂMARA DOS SONHOS

Na Câmara dos Sonhos é possível contemplar-se de um jeito jamais visto: pelos olhos que não existem.

Descobrir-se sem interferências: o sonho é sincero, ele existe sem você pedir. Indomável, revela seu inconsciente.



É a cura é a doença.

Seu inferno ou paraíso.



Ou tudo ilusão. Ilusão. Ilusão.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

LIVRE-SE MORTO


Livre-se de tudo
Encarne em outro

Nada há de absoluto
Vivo ou morto

segunda-feira, 4 de maio de 2009

PSIQUE FLUIR

Estou precisando de tempo.
Um tempo para ficar parado, olhando para o teto. Observando aquela aranha que mora no canto da minha parede, e até conversar com ela.
Precisando reparar em pequenas coisas banais, mas que sempre existiram, e sempre existirão, agora e depois da minha morte.
Precisando deixar minha mente fluir por si só, e confiar nas ideias que ela me trará.
Deixar minha alma vagar livre por meu quarto.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

quarta-feira, 25 de março de 2009

A MELHOR COISA DE NOSSAS VIDAS

Tudo conspira a nossa volta, num tremendo paradoxo invisível: controvérsias desregradas.

Eu marquei aquele encontro com ela, ali, naquela praça. Então, minutos antes, sentei-me no outro lado da rua. Apenas queria poder vê-la chegar sem ser percebido.
Vi-a chegando, cansada, quase a cambalear sob o penoso sol. Dispôs-se naquele banco. Seus olhinhos procurando-me. Imagino eu, que sua vista tornava-se turva; talvez pelo forte calor, ou talvez pela decepção.
A princípio, pretendia ir logo até ela, mas prolonguei minha espreita. Contemplava sua espera. Sua crescente agonia por não me achar. Enquanto isso, do outro lado da rua, também me angustiava por não me encontrar. Sua espera por mim, e eu... Eu buscando a mim mesmo.
Observei-a ir embora depois de algumas horas. No instante em que se foi, acabei por me encontrar. Existi. Respirei longamente.
Fiquei feliz por tê-la telefonado no dia seguinte e dito que a amo. Amei-a depois de apreciar seu sofrimento, e experimentar o AR QUE REALMENTE MOVE TODAS AS COISAS.
Hoje a chamei para almoçar aqui comigo. Ela veio, disse-me que viria porque me ama também. Fico feliz por nós dois. Encontramo-nos enfim.

Tudo conspira, de fato. Mas basta conspirarmos junto com o mundo que tudo se encaixa.

sábado, 21 de março de 2009

CASO SEXTA-FEIRA

Experimentando o mal de Bentinho.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

TUDO É CONSEQUÊNCIA AFINAL

E por fim ela me perguntou o que eu sentia, e eu contei uma história. A história da minha vida, e o fato que a determinou toda, tudo é conseqüência afinal:
Estava eu andando pela Rua André de Barros, e passei perto de uma peixaria. Um cheiro de coisa podre pairava denso pelo ar. Era a peixaria Yara. Fui lá. Encontrei um peixe camarada, conversei com ele. “Eu nadei muito, meu jovem. Pois então, nade!” Estava podre, mas ainda valia um papo. ”O mar não é tão imenso assim se você não tiver umas boas e malhadas barbatanas”. Convenceu-me a levá-lo para casa. “Eu ainda sirvo para alguma coisa”.
Chamei-a para vir almoçar comigo.
À mesa, peixe assado.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

SURREALISMO EU SOU

Eu sou surrealismo
E não coexisto
Com inferno ou paraíso
Nas nuvens flutuei
Cruzei os oceanos
Ao vento flutuando

Estando surrealismo, eu não existo.
Tentei conversar com as gaivotas.
E não me deram ouvidos.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

DE OLHOS BEM FECHADOS (1999) - KUBRICK


Duas fugas. Um casal: Alice e Bill Harford.
A convivência inevitável transforma o casal quase em inimigos íntimos. E a distância entre os dois torna-se enorme, um abismo. Essa distância cresce mais ainda com uma revelação de Alice a Bill sobre um suposto caso passado. A declaração reveladora também é o eixo das duas fugas. Ou seja, há um triângulo. Um ponto: uma suspeita de adultério. Duas retas: as fugas; interligadas pelo momento crítico do casamento.
No sonho, Alice mergulha, e se espanta com o que seu inconsciente lhe mostra: ela traindo seu marido, na sua presença, com vários homens, como uma forma de afrontá-lo. Afronta que se reforça por traí-lo inclusive com um homem do conhecimento de Bill.
Bill toma outro caminho. No real, ele procura por coisas desconhecidas. Busca experiências novas, lugares onde nunca esteve. Outra forma de escapada. Mesmo assim, enquanto foge, seus pensamentos ainda se conduzem a esposa através de sua imaginação, nutrida por suas fortes suspeitas acerca dela.
Ambas as aventuras foram perigosas e, da mesma forma, frustrantes e sinistras.
Ao final: “Nós estamos acordados agora, e devemos nos manter assim por um bom tempo.”.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

,

Quando a diversão torna-se uma obrigação, tudo vira rotina.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

+

Nunca mais é menos ou mais.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

NA CIDADE ONDE SE USA JAQUETA DE COURO O ANO TODO

Na cidade. De noite. De madrugada: o dia nascendo. Os olhos já estão cansados, o corpo também. A mente, esta está em outro lugar ainda, não voltou de viagem. A garoa começa a cair, molhando o asfalto. Andando ou cambaleando a procura de casa. Um espelho surge à frente. Como desviá-lo? Imagem distorcida é o que aparece. É um espelho de rua, da noite. De dia é uma vitrine.
Voltando no tempo: algumas horas atrás, quem sabe umas 5 ou 6. Andando também. A noite começa-se andando e termina-se do mesmo jeito: andando. O ano começa-se vestido com jaqueta de couro e termina-se assim também: frio.