Há alguns dias uma amiga veio, com lágrimas nos olhos,
desabafar comigo. Devido a algumas intempéries que vinham se tornando pesadas
e constantes, ela estava visivelmente abalada. Após ouví-la, pude tentar
reerguê-la e fiquei feliz em, de alguma forma, conseguir fazer ela ver as coisas
de uma forma mais positiva. Fiquei feliz em poder ajudá-la dizendo coisas boas,
pois, eu também já passei por dias difíceis e sei o quanto conforta ter alguém
ao seu lado nesses momentos.
Então, é após situações como essas que faz eu perceber o
quão a vida se trata – e se faz assim – de uma caminhada intercalada com vários
tropeços. É importante cairmos para afirmarmos essa nossa condição de seres errantes: estamos, e para sempre estaremos, sujeitos a cair. Seja na caminhada
firme à algum destino certo ou ao vaguear perdido e sem direção. Mas, afinal: só cai quem está de pé, a caminhar, a viver.
Um passo de cada vez, um tropeço após o outro, e a
capacidade de reerguer-se. Tudo isso com a ajuda de quem sempre esteve ao seu
lado estendendo-lhe a mão. Caímos também para aceitarmos nossa necessidade de
ajuda nesses momentos que, inevitavelmente, sempre existirão no decorrer da
nossa caminhada. Por isso devemos aprender a reconhecer e valorizar quem nos
ajuda dessa forma.
Aceitar que tropeços sempre existirão na minha vida me
conforta e dá coragem para seguir me reerguendo deles. Torno-me uma espécie de
especialista em cair.
Sim, nesses últimos dias, eu caí. Mas estou me reerguendo.
Mais forte. Mais convicto de que a vida se faz assim. E, por fim, mais disposto
a enfrentar tudo isso de frente.