domingo, 17 de março de 2013

UM BRILHO DE MISTÉRIOS


Apesar de sempre vê-la atrás daquele balcão, eu não a conheço praticamente nada. É a distância da timidez. Da minha, com certeza, da dela, eu já não sei.

Ontem, num raro momento oportuno me aproximei e lhe falei. Mistura de palavras banais com frases soltas, apenas para tentar quebrar barreiras e me fazer presente. No entanto, suas respostas eram secas, tanto quanto meus comentários sem sentido. Sim, nosso diálogo fora confuso e entrecortado. Enquanto isso, seus olhos buscavam fugir dos meus por algum motivo desconhecido para mim.

Então, quando nosso contato já se encaminhava para o fim, ela finalmente fixou seus negros olhos nos meus. Infelizmente não fui capaz de identificar se foi um olhar de ódio ou desespero. Mas, sim, havia um brilho neles.

Agora eu penso nisso. Talvez ela se sinta sozinha o suficiente para que, com a minha despedida embaraçada, tenha realmente sentido esses dois sentimentos ao mesmo tempo. Ou, quem sabe, eu esteja inteiramente enganado, já que eu não a conheço mesmo. Somente sei do brilho enigmático do seu olhar.

Por fim, acho que prefiro deixar tudo assim mesmo: ela envolta num véu de mistérios para mim. Pelo menos por enquanto...

segunda-feira, 11 de março de 2013

QUANDO ACIDENTALMENTE PERFURAR MEUS OLHOS


Quando acidentalmente eu perfurar meus olhos, o sangue que escorrerá do meu vazio ocular terá passado antes pelo meu coração. Afinal é de lá que ele vem.

E se novamente minha mente evocar a sua imagem, será agora o reflexo visto pelos meus olhos jogados ali no chão a te contemplar, inertes.

Um acidente necessário para mudar nosso ponto de vista.