sexta-feira, 4 de abril de 2014

MOSTRAR

Tenho me sentido sufocado. Atolado em tantos pensamentos. Afogado em tantas palavras não ditas, num mar de sentimentos reprimidos. E um tanto culpado por não saber nadar direito.

Mas, e se por acaso na realidade eu for um cara do mar? Algum novo tipo de ser. Uma nova espécie humana capaz de viver nas profundezas do oceano, sem precisar respirar este ar carregado, pesado e podre que paira na nossa atmosfera hoje em dia.

Tudo bem, posso estar exagerando e sendo pretensioso demais. Exagerando no ponto de dizer que não preciso sair para ver o sol e respirar de vez em quando. Realmente preciso disso, eu admito. Embora muitas vezes o ar me sufoque e o sol queime meu rosto. É a nossa condição de estarmos vivos, não é? Todos nós necessitamos disso. E, afinal, eu estou nesse mundo e preciso dar as caras. Mas, intimamente, meus mergulhos solitários nas profundezas do meu ser também deverão sempre acontecer. Para que eu não me esqueça da minha origem.

Então, o que eu tenho que aprender é, após mergulhar no meu mar de sentimentos, voltar à superfície e permitir-me ficar molhado por alguns momentos. Me aceitar assim, deixar que o sol seque aos poucos minha pele já queimada. Respirar profundo, deixar que o ar encha meus pulmões necessitados de ar após um longo mergulho.
E mostrar ao mundo essas gotas de água salgada que escorrerão pelo meu rosto. Mostrar que também choro.