Após terminar de assistir à série-documentário Making a Murderer, o
sentimento é de ter levado um soco na boca do estômago. A mão pesada e
inexorável do sistema. A autoridade do Estado com todo seu aparato para
perpetuação do seu poder, custe o que custar. Manipulando cenários para
que haja a aceitação geral de que se deve apenas encontrar um culpado, e
não necessariamente a verdade sobre os fatos. A sensação de impotência,
de fraqueza, de revolta e,
principalmente, de injustiça. Aquela Justiça que deveria sempre ser cega
e fiel à premissa de que qualquer cidadão é inocente até que se prove o
contrário; e a mídia faz seu pérfido papel contra isso perpetuando
diariamente sua narrativa pós-verdade, condenando pessoas antes mesmo
delas merecerem algum tipo de julgamento legal - a opinião pública de
espíritos fracos agradece o alimento-lixo fast food de manchetes
baratas. Essa Justiça que, nas mãos de mal intencionados (e por aí tem
muitos!), serve como instrumento para justificar e/ou ocultar atos
hediondos de quem detém o poder. Instituições que buscam, antes de tudo,
manter sua "reputação" imaculada para deixar as coisas como elas estão -
a seu favor, é claro. E sim, é muita ingenuidade pedir para quem detém o
poder para mudar o poder.
Infelizmente, só quando algo parecido acontece conosco ou alguém próximo
é que de fato entendemos as falhas e a podridão desse sistema.
Making a Murderer nos faz sentir assim.
quarta-feira, 24 de maio de 2017
sexta-feira, 12 de maio de 2017
É muito mais cômodo despejar nos outros a razão de todos os problemas do
mundo. É menos trabalhoso ao intelecto também. Generalizar e se eximir
da culpa, com a típica vida de pessoa de bem, de bons costumes, dos
arrotos de demagogia barata nos almoços de família em volta do gado
morto à mesa. Limitada visão e rasa análise sobre os fatos e sobre as
pessoas. Destilando em vinho mórbido sua moral excludente. Tudo para
conseguir deitar-se à noite com a cabeça no travesseiro crendo
que fez seu bom papel para a sociedade e que nada manchará sua imagem
de justiça seletiva e quase divina. Os céus o aguarda, com ruas de ouro
pilhado das Américas, outrora a terra invadida infestada de seres
descartáveis sem alma, sem pólvora e sem igreja.
O inferno são os outros, já era dito décadas atrás. Mas, no final, opositores e aliados compartilham do mesmo fogo que arde nossos corações, pela nossa pele, chama nosso ódio ou aquece nosso amor.
O inferno são os outros, já era dito décadas atrás. Mas, no final, opositores e aliados compartilham do mesmo fogo que arde nossos corações, pela nossa pele, chama nosso ódio ou aquece nosso amor.
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