Numa necessidade intensa de alguma mudança, não quero mais me contentar no mero ato de pegar uma tesoura e retalhar meu próprio cabelo. Isso realmente não é mais uma transformação digna de impacto pra minha vida.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Sem Êxitos Nas Mudanças (até quando?)
segunda-feira, 24 de março de 2008
Enigmas, Soluções e Passeios
Da sua boca, nenhuma palavra sequer.
Um enigma.
Enfim, através de seus olhos, viram os muitos horizontes os quais ele sempre quis mostrar a todos.
Enigma solucionado.
Basta agora descobrirem em qual dimensão ele se encontra no momento.
Talvez na Terra, talvez não.
Outro engima.
Um passeio intersideral engimático.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Traços e Contornos Longe de Mim
Eu procuro os seus traços
Em cada pessoa que vejo.
Vai ver os seus contornos
Já voaram para outro lado,
Longe de mim.
Que se multiplicam,
Misturam-se,
E esboçam o seu rosto
Diante das nuvens.
quarta-feira, 12 de março de 2008
Acordou De Repente
Acordou de repente. Somente abriu os olhos. E o que viu - o que conseguiu distinguir naquela escuridão - foram dezenas de pessoas sentadas amontoadas a sua volta. Apenas uma lâmpada cintilava quase em vão; uma luz amarelada, meio apagada, realmente inútil para iluminar aquele lugar. Percebeu que se encontrava num porão de uma casa velha de madeira. As paredes do porão eram de um branco amarelado pelo tempo. As outras pessoas, ou olhavam para baixo, melancólicas, perdidas e sem esperanças; ou olhavam para cima, como que rogando por um socorro dos céus. Todos imundos, pelo que ele conseguia perceber.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Quem Vomita Corações
Quem nunca amarrara seu coração, e expeliu-o vomitando? Vomita. Pega então seu coração, já amarrado e apertado devido à angústia dos seus dias repetitivos, e larga-o em algum canto qualquer do seu quarto. Esquece-se dele por dias a fio.
Quem nunca conheceu alguém que já fizera isso? Enfim, olha-se no espelho e reconhece quem vomita corações. Olha pro canto do quarto e vê o seu coração, ali largado, já fedendo, já mofando. Conclui que afinal não o esquecera. Tenta persuadir-se, enganar-se, de que já não é mais dotado de coração. Mas é!
Quem nunca se reconheceu em alguém? Sim, é dotado de coração! Ela veio como um anjo, e despejara toda a sua beleza; melancólica, mas linda. O coração dela, agora, é o dele também. Ela avisa que também vomita corações, um por dia quase. E ele acaba se reconhecendo nela, gosta disso. Num quarto repleto de corações expelidos, sobre uma cama com lençóis brancos, limpos e perfumados, se amam durante as noites geladas do inverno.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Procurando Se Encontrar
Olhava-se no espelho e não se reconhecia mais. No seu espírito, ocorriam-lhe dúvidas se era ele quem olhava para aquele sujeito do espelho, ou o sujeito do outro lado que o fitava. Era incapaz de encará-lo. Tão logo seus olhos encontravam-se, desviava-os rapidamente.
Ódio...
Mais um espelho quebrado; mais um espelho desfigurara-lhe as mãos; mais uma vez não se encontrara naquele reflexo.
Em outros dias, ele já tentara ser ele mesmo. Agora não. Vive quebrando espelhos, um após o outro. E chega a odiar o sujeito que é incapaz de encarar.