sábado, 16 de fevereiro de 2008

Momentos Num Ônibus

Vou olhando, através da janela, a paisagem que corre lá fora. Dependendo da luz externa, posso ver meu rosto refletido no vidro. Assusto-me. Chego a me indagar: “Este serei eu mesmo? Pareço horrível.”. Vejo um rosto cansado, abatido. O suor não me é perceptível pelo reflexo, mas sei que ele existe. Sinto-o em minha testa. No entanto, não me é possível nem limpa-lo, passando a mão sobre a pele impregnada. Pois minhas mãos encontram-se fixas, segurando no apoio acima da cabeça. Além disso, o aperto entre os passageiros é tão grande, que um movimento desse tipo, é totalmente impraticável. O espaço de cada um dentro do veículo é estritamente limitado, estreitando a liberdade individual. Tirar as mãos do apoio, também é um risco, sendo que o ônibus passa por ruas muito esburacadas. E num relance, o balanço abrupto provocado pode derrubar-me. Portanto, permanecer de pé requer muito esforço, não sendo permitido descuidos por parte dos passageiros.
Olho para uma menina sentada ao fundo. Eu consigo vê-la, e ela, nem imagina que está sendo observada por alguém. Mesmo de longe, posso perceber seus olhos inquietos. Com a cabeça curvada para a janela, persegue com os olhos todas as coisas que passam lá fora. Certamente está perdida, confusa e aflita. Assim como meu rosto reflete-se cansado no vidro, ela bate ininterruptamente com as pontas dos dedos no corrimão à sua frente, refletindo também seu estado de espírito.
Corro a vista por todos os passageiros presentes. Nenhum deles olha-me nos olhos. Um ou outro me lança um olhar disfarçado, mas nunca nos olhos. Todos se encontram absortos em seus próprios pensamentos. Utilizando daquele tempo ali, para tentar solucionar os problemas de suas vidas. Comigo não é diferente. Busco amenizar e esquecer do meu cansaço, apreciando a beleza da menina aflita e confusa sentada no fundo do ônibus, tão linda.

3 comentários:

Thaís disse...

hahaha digo o mesmo.
momentos no onibus também, certo ?
:)


beijos.

Unknown disse...

Você acredita se eu disser que não consigui dizer nada? Desta vez, pensei palavras insuficientes.

ranghetti disse...

massa pia