sexta-feira, 23 de maio de 2008

DO PSEUDOBEM-ESTAR AOS REMÉDIOS

Tenho um apartamento branco no centro da cidade.
Minha namorada é linda.
Mas às vezes sou um pouco doentio.
Às vezes sinto-me corroído por dentro.

(o tempo passa)

Trouxeram-me remédios da farmácia da rua ao lado.
Minha namorada fugiu.
Mas às vezes eu a vejo em mim.
Às vezes sinto-me preso a ela ainda.

(o tempo passa e voa)

Troco olhares doentios comigo mesmo.
E vejo as coisas assim:
Dentro de mim, é somente ela.
Fora de mim, são só os remédios.

(o tempo voa e leva pra longe)

Tenho agora uma sala só minha afastada da cidade e de tudo.
Minha namorada nem me viu.
Às vezes me carregam pra fora dessa sala.
E meus olhos vêem apenas jardins desbotados.

(é tempo de remédios)

Na sala escura, além da solidão:
Uma janela sem vidros.
Uma porta de ferro.
E remédios.

Um comentário:

ShellCar disse...

Putz, amei teu blog. Esses texto são de autoria sua? Muito legal.

Visita o meu blog. Não é tão bom quanto o seu, mas eu chego lá.

bjos