quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O Vôo

Eu me encontrava num estado completo de sono, claro, depois de uma noite tão agitada que tive, merecia. Porém, fui interrompido. Com uma pancada na janela, que ao primeiro momento assustou-me, recebi o jornal diário. Somente com um grande esforço consegui levantar-me da cama. E estranhei o cansaço incrível que me invadia, considerei fora do comum.
Ao abrir a porta da sala, que dava para meu quintal, recostei-me involuntariamente na parede, consumido pela estranha fadiga matinal. Parei; Pensei; Tentei relembrar da tão agitada noite anterior: “Será que bebi demais?!” tal pergunta ecoava em minha mente. “Voltei da festa com meu carro, ou vim de carona?”. Inúteis questionamentos. De quê me adiantaria continuar ali, imóvel?
Finalmente, despertei de tais pensamentos. Caminhei até o jornal na calçada e o peguei. Nada de interessante. No entanto, algo atraiu minha atenção causando-me espanto. A placa que indicava o nome da minha rua, não era mais a mesma. Continha agora certa beleza em sua forma e nas suas letras, contudo, nada que amenizavam o efeito de pânico em mim. Tudo pelo fato de o nome da rua não ser mais o mesmo. Era agora NY-15. “Ah, eu bebi demais mesmo!” pensava eu, numa dose de pavor e sátira.
Até aquele momento, eu estava distraído o bastante para não perceber que meus pêlos branquearam, minha pele enrugara e, minha coluna doía insuportavelmente. Comecei então a correr, apavorado com a realidade a qual vivenciava.
As casas todas metodicamente enfileiradas e iguais. As ruas limpas e desertas. Estava completamente só naquele lugar. De repente, ouvi um estrondo como o de algo imenso se abrindo. Minha vista embaçou; cegou-me. Meus sentidos se perderam. Eu parecia voar. Voava livremente. Agora tomado por uma felicidade plena a qual pressentia enfim ser eterna.

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